Harold G. White, um físico e engenheiro de sistemas de propulsão avançada da NASA, e sua equipe, estão trabalhando em um projeto para dobrar levemente a trajetória de um fóton, mudando a distância que ele viaja por sobre uma certa área, e então observando a mudança com um aparelho chamado de interferômetro. Suas mensurações são tão sensíveis, que captavam uma gama de vibrações da terra, inclusive pessoas que caminhavam próximas ao local. Assim eles decidiram mudar para outro laboratório que fica sobre um sistema pneumático de colunas, o que minimizou a perturbações.
A equipe está tentando determinar se viajar mais rápido do que a velocidade da luz – ou dobra espacial, como é conhecido na série Jornada nas Estrelas – poderá ser um dia possível.
“O espaço tem estado se expandindo desde o Big Bang, há 13,7 bilhões de anos“, disse o Dr. White, de 43 anos, que gerencia o projeto de pesquisa. “E sabemos que quando você olha para alguns modelos de cosmologia, teve períodos anteriores do universo que aconteceu uma inflação explosiva, onde dois pontos iriam se afastar um do outro em velocidades muito rápidas.“
“A natureza pode fazê-lo“, ele disse. “Então, a questão é, podemos fazer isso [também]?”
Einstein propôs que não podemos exceder a velocidade da luz, o que essencialmente limita a velocidade galáctica. Mas em 1994, o físico mexicano Miguel Alcubierre teorizou que seria possível viajar mais rápido do que a velocidade da luz, de forma a contradizer Einstein, embora o Dr. Alcubierre não sugeriu que alguém pudesse construir um foguete que conseguisse este feito.
A teoria de Alcubierre envolvia a utilização da expansão e contração do próprio espaço. Sob sua hipótese, uma nave não poderia exceder a velocidade da luz em uma região local do espaço. Mas um sistema de propulsão teórica que ele delineou manipulava o tempo-espaço através da geração da assim chamada ‘bolha de dobra’, que expandiria o espaço de um lado da nave e o contrairia no outro.
“Desta forma, a espaçonave seria empurrada para longe da Terra e puxada em direção à estrela distante pelo próprio tempo-espaço“, escreveu o Dr. Alcubierre. O Dr. White comparou isso com o ato de subir numa esteira de rolagem de um aeroporto.
Mas o documento do Dr. Alcubierre era puramente teórico e apresentava muitos obstáculos intransponíveis. Entre outras coisas, isso dependeria da grandes quantidades de um tipo de ‘matéria exótica’ que é pouco compreendida, a qual viola as leis típicas da física.
O Dr. White acredita que os avanços que ele e outras fizeram podem tornar a velocidade de dobra mais plausível. Ele redesenhou a espaçonave de viagem de dobra espacial teórica, colocando um anel ao seu redor, que é a chave de seu sistema de propulsão, de forma que ele acredita que isso irá reduzir grandemente os requerimentos de energia.
Em tese, a velocidade de dobra poderia cortar o tempo de viagem entre estrelas de dezenas de milhares de anos para semanas ou meses. Mas isso não ocorrerá tão logo.
“Minha opinião pessoal é que a idéia seja louca por agora,” disse Edwin F. Taylor, um ex-editor do The American Journal of Physics e cientista de pesquisas sênior da M.I.T. “Fale comigo em cem anos“.
Mas Richard Obousy, um físico que é presidente da Icarus Interstellar, um grupo sem fins lucrativos, composto de voluntários que colaboram com projetos de espaçonaves, disse sobre o trabalho do Dr. White: “Temos a tendência de sobrestimar o que podemos fazer em curtos períodos de tempo, mas eu acho que estamos subestimando brutalmente o que podemos fazer em períodos mais longos.”
O Dr. White comparou seus experimentos com os primeiros estágios do Projeto Manhattan, o qual almejava criar uma pequena reação nuclear, meramente como prova de que era algo que podia ser feito.
“Eles tentaram demonstrar um reator nuclear e gerar metade de um watt“, disse ele. “Aquilo não era algo que iria para o mercado. Ninguém irá comprar aquilo. Era só para ter certeza que eles compreendiam a física e a ciência.“
Outros cientistas, como Neil deGrasse Tyson e mesmo o Dr. Alcubierre duvidam que este feito seja plausível, devido às grandes dificuldades técnicas que serão encontradas, mas o Dr. White ainda está confiante de que pode conseguir grandes avanços em seus experimentos.
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